1ª carta
Filha, não houve glamour algum na
sua concepção. Você não foi gerada em uma viagem internacional, nem tão pouco
em um lugar paradisíaco. Seu pai e eu tínhamos acabado de alugar nosso
apartamento, estávamos com a cabeça toda voltada para a nossa casa nova:
móveis, decoração, eletricista, marceneiro... e ainda estávamos um pouco
inconformados com o nosso casamento que havia sido adiado por “força maior”.
A mamãe e o papai queriam seguir
todos os protocolos: noivar, casar e depois ter filhos, mas a ordem acabou se
invertendo. Havia uma festa sendo preparada, mamãe queria tudo como manda o
figurino: vestido, buquê, viagem de lua
de mel, mas a mamãe foi casada antes de conhecer o papai e ela precisava que a
igreja católica liberasse ela para se casar na igreja novamente, mas não era
tão simples, pelo contrário, era muito complexo e demorado. Então, resolvemos
morar juntos antes de nos casarmos. Seu pai e eu já éramos casados de alma e
coração, faltava apenas oficializar esse amor.
Nos mudamos para nosso
apartamento no dia 22 de março de 2012 e acreditamos que você tenha sido feita
nessa data. Estávamos muito felizes em conquistar um espaço só nosso. A cama
nem havia chegado, só o colchão, nem persiana na janela havia ainda...e foi
ali, naquele quarto, naquele colchão jogado no chão, rodeado de caixas e mais
caixas que você foi gerada, filha.
E embora não houvesse glamour
algum, havia muito amor, o amor mais bonito do mundo, tão bonito que precisava
ganhar forma, cores, cheiro, vida. E esse amor se transformou em você.
Sua mãe
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